quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Homem Pós Moderno

Ao se falar em sociedade pós-moderna, pode-se pensar nas modificações que se deram nos âmbitos da política, economia, ciência, tecnologia, conhecimento e comunicação. Poderíamos dar exemplos e mais exemplos dessas transformações, mas o nosso foco principal é na comunicação, quais mudanças ocorreram para que o tipo de comunicação que temos hoje fosse possível, e como foi possível que o homem se adaptasse à essas mudanças.

A sociedade se transforma a partir das necessidades e costumes que vão se modifciando ao longo das décadas, tradições são deixadas de lado, crenças são desacreditadas, e assim o homem passa a se sentir sem rumo, os valores passam a ser outros, e o que se vê é uma sociedade individualista, consumista e hedonista. Quando uma empresa não se importa em seguir normas ambientais no país onde está se instalando está sendo individualista, está pensando apenas nos lucros que terá, pensando apenas no que pode extrair daquela terra e daquelas pessoas. Essa mesma sociedade é individualista no momento em que um homem passa a se considerar melhor ou superior aos outros, e achar que ele não deve colaborar para o bom funcionamento dessa sociedade com ações simples, como separar o seu lixo em casa ou ser educado com o cobrador do ônibus.

É o que se vê no Orkut, por exemplo, onde para alguns o objetivo maior não é estreitar laços de amizade e nem conhecer novas pessoas, mas sim mostrar-se feliz e sempre curtindo a vida "adoidado", o importante mesmo é exibir-se. As pessoas se sentem no dever de se vender como se fosse um prazer, de fazer ceia de natal em casa à meia noite, de comemorar o gol que todo mundo está comemorando, de curtir o carnaval nos 3 ou 4 dias, de seguir uma religião, de usar celular sem motivo concreto, de gastar o dinheiro que não têm, de fazer cursos e mais cursos, ascender na empresa, escrever mil e um artigos por ano na universidade, enfim, todos parecem viver na “obrigação” de se cumprir uma ordem invisível, e de ser visivelmente feliz e vencedor. Mas o que acontece àquelas que não seguem essas regras invisíveis? Ou acabam excluídas da sociedade, como um traidor, ou então se sentirá culpado por não "ser feliz" como todos os outros, o que pode ser muito perigoso.

Outra característica desse homem do pós-modernismo é o consumismo sem limites que atinge a sociedade como um todo, onde se busca em objetos materiais a felicidade que não se encontra nas relações frustradas pós-modernas, quando apesar de tantos artefatos eletrônicos que facilitariam a comunicação entre as pessoas, essa não acontece pela frequente falta de tempo que atinge todas as pessoas de um modo geral. Elas estão sempre correndo atrás do tempo, buscando mais trabalho, mais dinheiro, e assim, mais consumo, o que lhe dá a falsa sensação de felicidade.

A fragmentação desse tempo é bem visível, pois hoje se vê frequentemente os lugares de trabalho em que a competição é mais acirrada, onde não existem limites definidos entre trabalho, estudo e lazer, e encontramos pessoas queixosas, infelizes, freqüentemente visitando os médicos e hospitais. Se a pós-modernidade prometia a felicidade através do progresso da ciência ou de uma revolução, é necessário analisar se essa ilusão de felicidade que temos hoje, baseada na tecnologia e nas sociedades virtuais é realmente possível, ou apenas um sonho que virou pesadelo.

Marcela Prestes e Juliana Galante

6 comentários:

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  2. Outra característica desse homem pós-moderno é o ceticismo em relação aos valores fundamentais da modernidade. Morre na nossa sociedade o mito do progresso e o das grandes transformações sociais.
    Na sociedade pós-moderna é excluida também a subjetividade e a privacidade. Enquanto na era moderna o privado era sempre oculto, na era pós-moderno tudo é mostrado e midiatizado. Ao mesmo tempo que praticamos atos de violência e guerras ideológicas procuramos justiticar tudo construindo uma justificativa moral.
    O homem pós-moderno também tem a necessidade do espetaculo e do bizarro. Procuramos sempre defeitos nos outros para nos sentirmos normais.
    Acho também que, como o texto se refere, temos uma necessidade constante de auto-afirmação e para isso criamos uma imagem do que realmente gostaríamos de ser que passamos principalmente pela internet.

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  3. A pós-modernidade e o consumismo desenfreado trouxeram consigo o incrível aumento na velocidade de processamento das informações que temos hoje. E com o aumento dessa velocidade, não temos mais tanto tempo disponível pra nos comunicarmos da forma mais eficaz. O cenário que presenciamos é uma sociedade caótica, onde todos querem tudo ao mesmo tempo e com isso prejudica-se a essência daquilo que se quer comunicar. A informação se perde talvez porque não seja devidamente absorvida ou não estamos lhe dando a merecida atenção. Vou contra aqueles que pensam que uma alternativa de reverter essa situação é possível, mas acredito que possamos nos aperfeiçoar cada vez mais para trabalhar melhor as nossas falhas com as milhares (e eficazes!) ferramentas que temos hoje à nossa disposição.

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  4. Depois de ler o texto e os comentários, comecei a recordar que já li muitos textos e já ouvi muita gente falar mal
    da pós-modernidade, dizer que o homem tornou-se individualista, que as pessoas sofreram cada vez mais frustrações e
    que o que predominou e predomina é a superficialidade como um todo. Entretanto, acredito que existe a
    necessidade de se pensar se tudo isso é culpa do pós-modernismo, ou se ele apenas trouxe à tona o que
    já existia. O homem moderno era sinônimo de abnegação? Ele sofria menos frustrações?
    Se o modernismo era tomado pelas máquinas, podemos dizer, por exemplo, que foi aqui, no pós-moderno que começou a
    se pensar com seriedade em um uso "consciente" dessas máquinas. Foi aqui que começamos a pensar nos efeitos negativos de anos
    e mais anos de uso de certas tecnologias.

    Pensando na nossa área, hoje sabemos que as mídias podem, e, muitas vezes, manipulam a forma como devemos interpretar
    certas informações. Se temos esse conhecimento, é porque temos cada vez mais acesso às verdades, ao que os outros
    pensam, vivem, às coisas como elas são. E esse acesso se dá através das várias ferramentas que a internet nos
    fornece diariamente, e o que é a internet senão um avanço pós-moderno?

    Falando um pouco das Relações Públicas, num ambiente pós-moderno, estas ajudaram a trazer a tona a importância do empregado no contexto organizacional. Com a explosão do fenômeno industrial, o empregado era nada mais que uma outra máquina, que era pago para fazer funcionar uma primeira máquina, mas não para pensar. Graças a trabalhos de comunicação implantados em organizações, foi possível comprovar que uma empresa só tem a ganhar a partir do momento que dá ouvidos às pessoas que a fazem funcionar dia após dia, pois estas são as que conhecem a fundo a organização.

    Concluindo, o que percebo é que designamos como pós-modernismo o momento em que o homem tem cada vez mais ferramentas
    que exigem um uso consciente, que tem tudo para ser sinônimo de avanços sociais, desde que utilizadas de forma responsável.
    É aqui que estamos tendo mais do que nunca a oportunidade de fazer direito tudo que foi mal feito em outras épocas,
    e a comunicação não tem só o direito, como o dever de ajudar no processo de percepção dessa realidade.

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  5. Certamente a principal característica de nossa sociedade é o espetáculo, mostrar-se é algo essencial. Podemos criticar, fazer o maior barulho, mas nada adianta, temos que acabar aceitando e nós moldando a partir desse novo modelo de sociedade a qual é formada por contribuições de todos nós.

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  6. discordo do colega, quando diz que devemos "aceitar e nos moldar a partir do modelo social atual". ao contrário, estando no meio acadêmico, temos ferramentas suficientes para colocar sobre a realidade social um olhar diferenciado, evitando cair -sem questionamentos - no atual modelo de consumismo, individualismo...

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