quinta-feira, 2 de julho de 2009

A cultura do "fan"

Muito já foi falado sobre a web 2.0, e a interatividade que está subentendida nesse conceito. Em uma das entradas anteriores deste blog mesmo, postada pelas colegas Daniela e Laura, o assunto foi abordado, dando ênfase à musica eletrônica. Também, as mesmas colegas, citaram a existência de diversos subgrupos dentro do Cyberpunk, entre eles os otakus.

O termo otaku é japonês, e significa, basicamente, "fanático". Atualmente, essa palavra é utilizada, ao redor do mundo, e inclusive no Japão, para designar as pessoas que têm interesse por animações japonesas - os animês, ou animes -, mas um "interesse" extremo, quase que obsessivo. Esses fãs não se contentam em apenas assistir; eles criam novos materiais relacionados, e ainda modificam e redistribuem todo o material original ao qual têm acesso. É uma nova "indústria" de cultura, não oficial, não autorizada, mas amplamente difundida.

"Nova" talvez não seja um adjetivo muito correto. Os Fansubs, por exemplo, surgiram na década de 1960. O termo vem do inglês (fan + subtitled), e faziam referência às traduções, feitas pelos cineclubs, de filmes estrangeiros não lançados no circuito comercial. Nas décadas de 1980 e 1990, com a invasão das animações japonesas em países ocidentais, o termo passou a ser utilizado quase que exclusivamente para as traduções feitas por otakus. Antes de a internet ser tão popular e acessível, os fansubers, como se entitulam, modificavam o material original e o enviavam pelo correio, em fitas VHS.

Com a Web 2.0, os fansubs tornaram-se maiores e mais sofisticados. Hoje em dia, a palavra fansub faz referência a sites que disponibilizam para download episódios traduzidos de animes, de séries americanas, filmes e até mesmo músicas. Muitos mantém blogues, que divulgam informações sobre os materiais compartilhados. Além do mais, os fansubs tornaram-se uma rede; por exemplo, assim que um episódio de um anime é exibido no Japão, um fansuber japonês o digitaliza e disponibiliza na web, imediatamente, um fansuber americano o traduz e insere, nesse vídeo original, a legenda em inglês, também disponibilizando na web, e, apartir daí, um fansuber brasileiro traduz a legenda para o português, e a insere no vídeo original japonês.

Se os fansubs surgiram na década de 1960, as fanfictions são ainda mais antigas. O termo designa estórias (ou "histórias", como queiram) fictícias criadas por fãs de determinada série, livro, filme, etc, baseando-se nos personagens, cenários e enredos da mesma. Embora a maior difusão das fanfics tenha ocorrido nas décadas de 1970 e 1980, apartir das estórias escritas por fãs de StarTrek e StarWars, o primeiro registro do qual se tem notícia ocorreu, se nao me engano, no início do século XX, quando um leitor, não satisfeito, escreveu um final não oficial e alternativo para "Alice no País das Maravilhas". Hoje em dia, há fanfictions dos mais diversos assuntos, desde algumas baseadas nas obras de Shakespeare, até enredos cujos protagonistas são mebros de bandas pop, passando por livros como "Harry Potter", "Twilight" e "O Senhor dos anéis", jogos como "The Legend of Zelda" e "Final Fantasy" e animes como "Inu Yasha", "Death Note" e "Pokémon".

O maior e mais conhecido site de arquivamento de fanfiction, o FanFiction.Net (também conhecido com FFNet), criado em 1998, tem hoje, segunda dados da Wikipédia norte-americana, cerca de 1,3 milhões de usuários cadastrados no mundo inteiro, e hospeda estórias em 36 idiomas, de 18 categorias, e uma infinidade de subcategorias. Apesar de proibida por alguns autores, como Anne Rice, criadora de "Entrevista com o Vampiro" e "Crônicas vampíricas", a prática das fanfics é vista por outros como uma oportunidade de marketing gratuíto. Muitas empresas, como a 20th Century Fox, estimulam a produção das histórias pelos fãs. Correm boatos, entre os usuários, que o próprio FFNet, na época de sua criação, recebeu incentivo financeiro da Fox. No entanto, nada nunca ficou provado. Os fatos são que, a princípio, o site se destinava apenas a arquivar fanfics de "Buffy - The vampire slayer", e que a Fox, até hoje, mantém banners de promoção de seriados dentro do site.

Antes da difusão da internet, as fanfictions eram publicadas dentro de revistas editadas por fãs, chamadas fanzines. As fanzines são feitas exatamente para a publicação de material criado por fãs, como desenhos, estórias paralelas e críticas. Muitas fanzines influenciaram no desenrolar de enredos das estórias originais, já que expressavam a revolta ou a aceitação dos fãs diante de alguma modificação feita pelo(s) autor(es) da estória em questão.

Voltando-se aos animes, dentro da cultura de "fan", existem os Doujinshis, que nada mais são do que a mescla de fanart e fanfiction, dentro da cultura otaku. Fanart é o termo utilizado para designar os desenhos feitos por fãs, e baseados na "saga" admirada. O Doujinshi nada mais é do que uma história em quadrinhos japonesa (mangá) criada por um fã, e baseada em outro mangá pré-existente. Os Doujinshis eram, a princípio, editados e publicados em pequenas tiragens, distribuídas entre amigos e em eventos relacionados a animes, mas hoje, são mais divulgados na internet, através de sites de hospedagem de imagens, blogues e fansubs.

A cultura do fan, é um típico fruto da web 2.0 e do Cyberpunk, onde as pessoas interagem umas com as outras e com a máquina, apartir de um interesse comum. No Brasil, no momento, tramita o projeto do Senador Eduardo Azeredo (SUBSTITUTIVO ao PLS 76/2000, PLS 137/2000 e PLC 89/2003), que prevê prisão de 2 a 4 anos para quem "Obter dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado, sem autorização do legítimo titular, quando exigida", que passa para 5 anos, caso esse "dado ou informação" seja repassado a terceiros. Embora isso não diga respeito a fanfictions, doujinshis, fanarts ou fanzines, torna crime a utilização dos fansubs.

Segundo o senador que redigiu o projeto, ele visa proteger os direitos de autoria, e combater práticas de pedofilia na internet. Mas, não seria isso um retrocesso? Proibir que as pessoas compartilhem arquivos, e defender a hegemonia das empresas, em detrimento da livre circulação de informação na web. Pior ainda, na minha opinião, é a pena de prisão. Com a situação dos presídios no Brasil, seria possível prender por de 2 a 4 anos todo o cidadão que fizer download de um arquivo, e por 5 anos todo o cidadão que disponibilizar esse arquivo?

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O problema da segurança

Sempre fomos acostumados a tomar cuidado ao sair de casa, com o tempo passamos a tomar cuidado até mesmo em nossas casas e, agora, temos que nos preocupar com ladrões invisíveis, capazes de rastrear o nosso mais minúsculo passo na internet. Um fato com o qual podemos fazer essa análise é a partir dos sites de compras pela internet. Quem tem total segurança ao fazer uma compra pela internet? Temos a maior comodidade, conseguimos praticamente tudo o que queremos sem ter que contar com aboa vontade do vendedor e na maioria das vezes com o preço bem mais baixo. Essa pratica de compra on-line não "pega", ou melhor, com unanimidade, poerque quando somos assaltados pelo menos queremos ver a cara do ladrão. O ladrão on-line não deixa rastros, e na maioria das vezes o usuário comprador não toma as medidas de prevenção necessárias.

Todos usufruimos das comodidades da internet, pensamos que atrvés dela estamos seguros, mas na verdade estamos frente a frente com nosso inimigo, inimigo invisível e igualmente perigoso, e devemos tomar os cuidados necessários. A internet e os sites de compras, assim como uma faca, que serve para passar manteiga no pão ou assassinar um ser humano, deve ser utilizada com alguns cuidados e critérios.

sábado, 13 de junho de 2009

1984: As Relações com a Cibercultura.

O Livro 1984, escrito por George Orwell em 1948, faz uma crítica aos regimes totalitários (Nazismo, Fascismo e Comunismo), ao mostrar uma sociedade dominada por um governo onipresente. Um mundo onde a guerra é uma constante, necessária para manter os indivíduos unidos em torno de um inimigo comum (que ninguém sabe ao certo quem é porque está sempre mudando).
A figura do Big Brother, o homem atrás da tela, está em todos os lugares vigiados há todos o tempo todo. Mas é impossível saber se ele é alguém especifico ou apenas uma imagem usada para simbolizar aqueles que estão no poder.
Na Oceania (engloba a Oceania, América, Islândia, Reino Unido, Irlanda e parte da Ásia), onde vive Winston Smith, personagem principal do livro, as informações são mutantes e êfemeras, reescritas de tempos em tempos, para alterar os fatos dando-lhes novas versões, mais de encontro com os interesses do grupo dominante. As pessoas são levadas a Duplipensar, relativizar, pensar por dois pontos de vitas, usando sempre o que for mais conviniente para o momento. A Novilingua, uma lingua em construção, tem por objetivo reduzir o tamanho e o número de palavras como uma forma de limitar a consciência humana.
A oposição, os criticos, os divergentes, também são, em certos momentos, estimulados, fomentados pelo sistema, um “mal-necessário” para matê-lo.
É possível fazer relações entre o que é mostrado na obra de George Orwell, escrita há mais de 50 anos, e a sociedade em que vivemos e a que o futuro nos aponta, sob a égide da cibercultura[1].
O mundo ocidental, em tese democrático, em guerra contra o terrorismo, um inimigo sem rosto, sem nacionalidade, perdido em uma parte do mundo. Tudo que sabemos dele nós chega por meio das mídias (rádio, televisão, jornal e internet) nem sempre confiáveis.
Quanto mais nos inserimos na cibercultura, mais nos expomos, mais estamos à mostra. É a internet, os cartões magnéticos, as câmeras de seguranças, os celulares, etc... São muitas as maneiras de se ter acesso a tudo sobre qualquer pessoa.
Especialmente na internet, as palavras estão sendo encolhidas, cortadas, criando-se uma “nova língua”. Quanto menos se pensar, quanto menos se refletir, quanto mais rápido se digitar, mais ágil a comunicação.
Os não incluídos, os que se colocam a margem, o dissonantes, a oposição, tudo se ajusta a cultura pós-moderna. Todos exibem o grau de contestação necessária para manter o sistema.
Temos o Big Bhother, o reality show, o homem da tela vigiando e sabendo de tudo. Quem sabe essa seja apenas uma de suas facetas e ele esteja aqui nos vigiando, talvez nem nossos pensamentos sejam mais tão nossos quanto pensamos.
Isso pode ser apenas o começo rumo a algo tão perverso que leve o individuo a perder a liberdade de dizer que um mais um é igual a dois.



[1] Cultura contemporânea marcada pelo desenvolvimento tecnológico.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ciberarte

Na década de 50, artistas influenciados pela cibernética começaram a criar obras de arte baseados em sistemas eletrônicos e tecnologias, que podiam se modificar com a interação do espectador. A partir daí, começam a surgir as primeiras obras geradas por computador, que pretendiam ser sistemas que possibilitassem a conexão entre meio, artista e obra. Houve, então, uma grande expansão do uso da tecnologia como ferramenta da arte.
A partir dos anos 80, alguns artistas contemporâneos começaram a se interessar e ampliar formas de artes já conhecidas e praticadas em menor número por artistas vanguardistas da década de 60 e 70. Com o advento de novas possibilidades tecnológicas - como a ascii arte¹, a música eletrônica, o e-mail arte, a body arte², a webarte e várias outras formas artísticas surgidas com a informática - novas características foram acrescidas à ciberarte.
A principal característica da ciberarte é ser uma arte aberta e interativa, criada com a utilização das novas tecnologias, como os computadores e as redes de comunicação. Nessa forma de arte não há uma delimitação entre autor e público. Na verdade, o público é convidado a interagir e a se tornar também artista.
A interatividade é palavra-chave nesse processo, que envolve colagens de informações, possibilidades hipertextuais, a não linearidade do discurso, etc. Essa arte reivindica a idéia de rede, de conexão. Pode-se falar, então, em uma arte da comunicação eletrônica. O objetivo é não criar mais uma arte em que o público pare em frente dela para somente observar. O maior objetivo da arte cibernética não é a exposição, mas a navegação, a interatividade e a simulação.
O espectador deixa de ser alguém que se encontra “fora”, apenas observando. Ele passa a ser não apenas espectador, mas também emissor. O apreciador da obra interpreta, experimenta, percebe e a sua estética de diferentes formas. A obra se torna algo de concreto a partir dessa interação. A arte interativa não é uma arte da representação com os materiais, nem uma arte de mídias. A ciberarte explora o comportamento dos sistemas artificiais, gerados pelo homem, exigindo uma interação profunda com o que está sendo experimentado, através das respostas dos sistemas.
Os meios e as técnicas provocam mudanças na percepção humana, afetam a maneira de conhecer o mundo, de como representar e transmitir esse conhecimento. Assim, as tecnologias digitais facilitam novas formas de pensar, de questionar valores, de produzir, reproduzir e propagar conhecimento.
A ciberarte acontece no ciberespaço. Esse ciberespaço se equivale à realidade virtual, onde os sentidos gerados a partir das tecnologias se aproximam do real. Uma das principais características da ciberarte é o pastiche. O pastiche pode ser visto como uma espécie de colagem ou montagem, tornando-se uma paródia em série ou colcha de retalhos de vários textos ou imagens.

Atualmente, a Web Arte apresenta-se como uma expressão com linguagem ainda em definição. Muito do que é produzido para a Internet, ainda parte de conceitos vindos de outros meios já existentes, como a pintura, a fotografia, o cinema e o vídeo. Apenas o que for produzido sendo pensado para a rede Internet pode ser chamado de ciberarte.
A imagem na ciberarte se enquadra no que Lucia Santaella e Winfried Nöth definem como o terceiro paradigma da imagem: o pós-fotográfico. Nesse paradigma, as imagens derivam de uma matriz numérica e são produzidas por técnicas de computador. O suporte para esse tipo de imagem é a combinação de um computador com uma tela de vídeo, mediados por uma série de programas.
Não há mais artista como produtor da imagem, e sim um programador. O ponto de partida para a produção da imagem pós-fotográfica já é uma abstração, visto que não existe a presença do real empírico em nenhum momento do processo. A memória do computador é o meio de armazenamento dessas imagens. A imagem pós-fotográfica se afasta das mídias de massa, e ssua transmissão passa a se através de contaminação.



¹ Forma de expressão artística usando apenas os caracteres disponíveis nas tabelas de código de página de computadores.
² Manifestação das artes visuais onde o corpo do artista é utilizado como suporte ou meio de expressão.




Alguns Blogs de Ciberarte:
www.11pixels.ciberarte.com.br
www.bruxismo.ciberarte.com.br
www.gatopreto.ciberarte.com.br
www.coisasderegininha.ciberarte.com.br
www.tripas.ciberarte.com.br
www.hq.ciberarte.com.br
www.doperi.ciberarte.com.br
www.dustetry.ciberarte.com.br
www.puredehuesos.ciberarte.com.br

Guilherme A. Fanslau e Carlos Augusto Ribeiro

terça-feira, 2 de junho de 2009

Cyberpunks e música eletrônica: alguns conceitos

Cyberpunks são indivíduos experts em internet que usam desses conhecimentos para se manifestar na rede, muitas vezes, de forma ilícita.

Os cyberpunks possuem certas características em comum como o fato de serem pessoas muito inteligentes e autodidatas, com grande fascínio em tudo que envolve informática e eletrônicos em geral como músicas eletrônicas, jogos online e sistemas operacionais.

Os cyberpunks também são conhecidos como hackers, crackers, ravers, zippies e otakus, dependendo de suas particularidades.

O termo hacker designa aqueles indivíduos que utilizam seu conhecimento para melhorar os softwares de forma legal. Já o termo cracker nomeia aqueles que utilizam desses mesmos conhecimentos para praticar a quebra de um sistema de segurança de forma ilegal.

O termo otaku é utilizado para referir-se àqueles indivíduos fãs de animes e mangas.

Os zippies unem o sentimento comunitàrio dos hippies com as novas possibilidades das tecnologias do ciberespaço.

Os ravers, se unem através da mùsica “tecno” misturada ao hedonismo do corpo e do espìrito pela dança. Eles se reùnem em mega-festas (as raves) com o intuito de dançar horas. Assim, a música eletrônica é de grande importância para este público. Os estilos desse tipo de música mais visados pelos ravers são o trance e o psy trance.

O trance foi inspirado na Acid house e no techno de Detroit. Ele surgiu com força total na Alemanha e Bélgica, tendo como característica principal a idéia de transe em que o ouvinte entra embalado pelas linhas de sintetizador repetidas ao longo das batidas da música, sempre com inspirações psicodélicas. Como exemplo de artista, pode-se citar o DJ Tiesto.

O Psy Trance é um ritmo com variações entre 138 a 150 bpms. O Psy apresenta um som sintético, com linhas de baixo rápidas e percussão forte.

Com o advento da música eletrônica, foi possível a qualquer pessoa que tenha algum conhecimento teórico sobre o assunto produzir suas próprias músicas, pois existe uma gama de programas de fácil acesso que permitem mais autonomia ao usuário que deseja criar sons e melodias.

Por fim, estes fatos relatados reforçam que as novas tecnologias fazem surgir um grande leque de conceitos, estereótipos e facilidades, tornando possível a todos serem artistas, produtores, programadores, personagens, enfim, tornando acessível quase tudo que, a pouco tempo, parecia ser um privilégio de poucos.


Por: Daniela Conegatti Batista, Laura Carniel Benin

quinta-feira, 21 de maio de 2009

WEB 2.0





WEB 2.0 representa uma evolução no sistema de comunicação na internet. Esse novo modelo permitiu que seus usuários interagissem na rede, proporcionando uma maior mobilidade de arquitetura dos sites e de comunicação. A WEB 2.0 não exige o conhecimento em HTML, ao contrário do que se via na WEB 1.0. A WEB 2.0 surgiu com a quebra de várias empresas ponto-com, em 2001. Esse novo conceito surgiu em 2004 em uma conferência de brainstorming da companhia com a MediaLive International nos EUA.
A internet como plataforma é a essência da web 2.0. É uma nova visão de utilização desse meio, deixando de vê-la apenas como uma rede de computadores. A plataforma dá funcionalidade e existência para os softwares. O Google é um aplicativo de busca e a internet é a sua plataforma. Ou ainda, o Iphone sendo a plataforma de diversos aplicativos/software desenvolvidos especificamente para rodarem nele. A Web como plataforma foi utilizada com um posicionamento estratégico, permitindo que o usuário controle seus dados. Outra grande inovação da web 2.0 foi à utilização de software livre, os quais os usuários apenas usufruíam desse serviço, sem ter que pagar por licenças. O Google surgiu com esse enfoque, sendo um aplicativo da web livre, no qual ganha com a publicidade. Ao contrário do Netscape, modelo da web 1.0, que segue o paradigma de software direcionando a obtenção de lucros com a venda de produtos para o consumidor.

Na internet temos a utilização da inteligência coletiva. A atividade coletiva de todos os usuários da rede é que ocasionou seu crescimento. A internet possibilitou a livre circulação de idéias. Os usuários adicionam conteúdo e sites novos que poderão ser acessados por quem tiver interesse. Os aplicativos disponibilizados pela internet tornam-se cada vez melhores conforme mais e mais gente os utiliza. Temos como exemplo o Google, a Yahoo!, a Amazon, a Wikipedia, entre outros. Na Amazon temos a postagem de comentários dos usuários sobre o produto, criticando ou elogiando os mesmos. Desse modo, o mercado se volta para o consumidor, e não mais para o vendedor.

Até hoje, todo aplicativo da internet precisa de um banco de dados que armazene suas informações. O gerenciamento de banco de dados já é disponibilizado pela web 2.0, sendo possível acessar esses dados em qualquer computador. Porém, surgem questões como a quem pertence os dados, pois já se teve casos que o controle sobre os dados levou ao controle do mercado, ou ainda a preocupação dos usuários com a privacidade e direitos sobre seus dados. Além disso, temos outra questão levantada na aula: até quando o Google conseguirá armazenar de forma segura os dados de seus usuários, já que na era atual temos a tendência de armazenar muitas coisas em nossa caixa de email.

Com a web 2.0 tivemos o fim de ciclo de lançamentos de software, onde ele passou a ser como um serviço e não mais como um produto. O Google hoje diz quais são as páginas de internet mais visitadas, para isso ele percorre a rede continuamente. A nova web exige uma manutenção diária. Na web 1.0 tínhamos o Netscape, o qual utilizou como estratégia, para dominar o mercado de navegadores, vender seus produtos a altos preços para os servidores. Porém, quando os navegadores e os servidores acabaram convertendo-se em commodities o interesse foi direcionado para os serviços oferecidos pela plataforma web e o Netscape perdeu seu espaço na web 2.0. Foi quando a Google explodiu.

Outra característica da web 2.0 é que ela não está limitada à plataforma PC. Seus aplicativos envolvem pelo menos dois computadores, um que hospeda o servidor web e outro que hospeda o navegador. Os aplicativos são serviços fornecidos por vários computadores. Tudo está conectado com tudo.

Um dos aplicativos mais interessantes desse novo modelo de web é o Google Maps, ferramenta muito difundida pelas sociedades. Os usuários podem usufruir livremente desse sistema, as empresas que desejam ter notoriedade desse aplicativo é que pagam para ter sua identificação no mapa. Ou seja, uma forma inovadora de publicidade.

Na web 2.0 vemos o estimulo da cauda longa através dos autos-serviços disponibilizados para os clientes. Antes a internet estava voltada apenas para os detentores de renda – 20%, porém com o advento desse novo mundo virtual começou-se a olhar para todos os usuários da rede 80%. Os consumidores que antes tinham acesso a um número reduzido de conteúdos passaram a ter uma variedade quase que infinita de novas opções. No mundo virtual temos a classificação de serviços na cauda longa pela quantidade de acessos recebidos, desse modo até blogs podem fazer parte dela. O Google AdSense foi um dos pioneiros nessa área, oferecendo espaço para anúncio a qualquer cliente. Ao contrário da DoubleClick que só anuncia produtos de grandes clientes (empresas).

Alguns pioneiros que representam os conceitos da WEB 2.0

Google: A Google detém hoje grande parte do info business e é hoje o que foi o navegador Netscape (que hoje tem o seu código aberto e é gerenciado pela Fundação Mozilla), porém não se trata de um navegador, nem um servidor. Como definir a Google? O seu constante aperfeiçoamento, independente de cronologia de mercado, o uso de anúncios em praticamente qualquer página na rede e o fato de não cobrar nada diretamente dos usuários pelos seus serviços a tornam o padrão da nova web. O autor arrisca uma definição: “a Googla acontece no espaço entre o navegador e a ferramenta de busca, e o servidor de conteúdo ao seu destino, como um intermediário entre o usuário e a sua experiência online.

Bit Torrent: A Bit Torrent representa o carro-chefe da nova forma de interagir na web, a descentralização. Cada usuário, além de fazer uso do serviço é um servidor, alavancando o serviço de download em velocidade e qualidade, no momento da pesquisa. Já a Akamai, representante 1.0 do serviço de download de arquivos mp3 adicionava servidores parar melhorar o funcionamento do software.

eBay: um site de vendas online, com representante em mesmo nível aqui no Brasil, o Mercado Livre. A qualidade dos produtos à venda é medida e colocada à prova pelos próprios usuários do serviço.

RSS: Assinatura que um usuário faz em sua página pessoal para ser notificado cada vez que a página assinada é atualizada. Essa interação não era possível na WEB 1.0.

Podemos perceber que em cada um destes exemplos, o site, ou aplicativo, ou software atua como intermediário de algum processo: download, compra, pesquisa, busca de informação. É isso que representa a web como plataforma.



E aqui um quiz pra tu saberes como anda o teu conhecimento de WEB 2.0:
http://quizible.com/quiz/how-web-2-are-you/22
Amanda Moreira e Julianne Maia

Definitiva Era da Informação


Nunca tanta informação (útil ou não) esteve disponível de forma tão acessível a todos. A revolução da Web 2.0 - apesar de ser uma mera convenção de nomenclatura - vai além da mera liberdade de publicação, de forma que os mais tendenciosos talvez chamariam o cenário atual de Web 3.0.

No que nos referimos a 'cenário atual' colocamos a incrível capacidade de produzir-se mash-ups (misturas de conteúdos e mídias) de forma acessível e rápida como nunca. A possibilidade de incorporar vídeos, imagens, textos e links em apenas um lugar deixou no esquecimento a velha Web 1.0, de conteúdo estático e desatualizado.

A wikipedia pode ser o ícone mais representativo para caracterizarmos o dinamismo da Era da Informação. Nela são adicionados verbetes livremente, de forma que qualquer usuário interessado pode trazer algo de seu conhecimento e experiência ao público e, aproveitando-se da relevância de um site como esse, promover o esclarecimento do tema.

A revolução de informação, que não parece encerrar tão cedo, traz como grande promessa o Wolfram, possivelmente o próximo 'cérebro' da internet. Através da inserção informações e perguntas o sitema retorna com o 'conhecimento da internet'. Pode-se conferir informações demográficas, históricas, resultados de cálculos, citações e até inutilidades. O sistema ainda está em desenvolvimento longe ainda de um lançamento oficial, no entanto já podemos conferir o potencial do que vem por aí.

Essa essência anarquista impregnada no desenvolvimento atual, como era de se esperar, está entrando em choque com com alguns princípios do nosso sistema capitalista. Com a produção e disseminação de conteúdos facilitados estabelece-se uma quebra com a atribuição e valorização da produção intelectual, ou de qualquer outra natureza, pois estão facilitadas as formas de disseminação, legalizadas ou não, a ponto de não haver mais controle sobre o fluxo de conteúdos.

Com a expectativa de que a colaboratividade online cresça progressivamente a tendência é que dê-se menos valor a disseminação e mais a atribuição e reconhecimento. Num caso recente, a Gas Powered Games, uma produtora de jogos, optou por não utilizar sistemas de verificação de legalidade, sabendo-se que tão logo seria burlado. Com a evolução do contexto acreditamos que o mérito tende a ser reconhecido e apenas quando suscitar inspiração receberá sua valorização adequada. Usando-se o exemplo da produtora, o jogo passará a ser adquirido formalmente somente por aqueles que após testarem o produto (informalmente) reconhecerem sua relevância.

por Guilherme Machado & Lucas Engel

Folksonomia

A web tem um labirinto de informações conectadas através dos links, que relacionam os assuntos.

A folksonomia traz um novo tipo de link, a tag. Tags são etiquetas que descrevem o conteúdo dos documentos armazenados, conforme o que o autor julgar necessário, colocando em ordem as informações (para facilitar a localização).

As tags ajudam muito, já que as palavras-chave não são definidas pelo programador, mas criadas pelos próprios usuários, que de forma coletiva, representam, organizam e recuperam os dados na Rede.


No momento em que os próprios usuários organizam a informação (de forma que possam recuperá-la através de uma busca por conexões e significados), percebe-se a ocorrência de alteração dos padrões organizacionais dos dados na Rede: tradicionalmente as informações foram organizadas através da taxonomia, ordenando as informações com um vocabulário controlado pelo programador. Dessa forma, o resultado das buscas eram definidos em função de uma determinada listagem de palavras relacionadas definidas pelo profissional especializado em organizar informações, limitando a pesquisa.

Textos feitos por Carolina Brandão e Helena Meirelles

quarta-feira, 20 de maio de 2009

INTELIGÊNCIA COLETVA

“Aproveitar a inteligência coletiva” é um dos princípios da Web 2.0, conceito designa uma segunda geração de comunidades e serviços, tendo a "Web como plataforma", envolvendo wikis, aplicações baseadas em folksonomia, redes sociais e tecnologia da Informação.

A Web 2.0 privilegia a troca de informações e a colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais. A idéia é que o ambiente on-line se torne mais dinâmico e que os usuários colaborem para a organização; os usuários podem participar mais, trocando informações e colaborando com os sites. Assim, essa segunda geração da World Wide Web viabiliza funções que antes eram conduzidas por programas específicos instalados num computador, e agora é disponibilizado à todos os computadores que conectarem o servidor.
Dentro deste contexto, alguns exemplos: a enciclopédia Wikipedia (informações disponibilizadas e editadas pelos próprios internautas), os serviços on-line interligados, como oferecido pelo Windows Live (página da Microsoft que integra ferramenta de busca, de e-mail, comunicador instantâneo e programas de segurança) e os diversos blogs espalhados pela rede, onde os internautas “postam” os mais diversos conteúdos. Outra inovação da Werb 2.0 são os hiperlinks que “à medida que os usuários adicionam conteúdo e sites novos, esses passam a integrar a estrutura da rede à medida que outros usuários descobrem o conteúdo e se conectam a ele” fazendo com que a rede tenha cada vez mais conteúdo e interatividade.
Muitos consideram toda a divulgação em torno da Web 2.0 um golpe de marketing. Como o universo digital sempre apresentou interatividade (outro conceito polêmico), o reforço desta característica seria um movimento natural e, por isso, não daria à tendência o título de "a segunda geração". Entretanto, o número de sites e serviços que exploram esta tendência vêm crescendo e ganhando cada vez mais adeptos. Em nossa opinião, a maior vantagem da Web 2.0 é o maior poder conferido ao usuário, que pode gerar conteúdo e mexer no conteúdo gerado por outros usuários. Entendemos que isso não seja uma inovação, mas parte de um processo em evolução.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Google: até que ponto se pode confiar?

No quesito Internet, não há outro tão cotado quanto a Google. A empresa que surgiu com o Google Search, cresceu – e muito – de uns anos para cá. Hoje são dezenas de serviços oferecidos e milhares de usuários em todo o mundo. No entanto, alguns clientes apostaram demais na empresa.
O que aconteceu foi bem surpreendente para muitos: alguns usuários do Google Reader tiveram perda de dados. Eles afirmam desaparecimento de alguns feeds, e em alguns casos, o produto parece ter sido reiniciado. O Google Reader é um aplicativo no qual os usuários podem adicionar novos feeds utilizando a própria busca interna do produto, ou fornecendo a URL exata do feed RSS ou ATOM que deseja assinar. Feeds são usados para que um usuário de internet possa acompanhar os novos artigos e demais conteúdos de um site ou blog sem que precise visitar o site em si. Sempre que um novo conteúdo for publicado, em determinado site, o "assinante" do feed poderá ler imediatamente.
Um dos usuários declarou que chegou a enviar para a Google um e-mail solicitando o backup (cópia de dados de um dispositivo para o outro) dos feeds. A resposta foi um e-mail automático redirecionando-o para outro assunto divergente como, por exemplo, criação de uma conta Google. Aí fica a pergunta: até que ponto se pode confiar nos serviços disponibilizados pela Google? Atualmente, muitas pessoas recorrem a essas funções para salvar documentos importantes.
Para a Google, não há grandes explicações. Quando publicados as primeiras notas e comentários a respeito do fato, a empresa disse que já tinha o conhecimento do problema e que estavam trabalhando para normalizar o serviço. Após o anúncio, usuários reportaram o reaparecimento de seus feeds.
O que se deve entender e se aplicar é que nenhum sistema é infalível e que problemas acontecem. Por isso, pode-se confiar em serviços como os que a Google oferece, mas tendo um cuidado maior em salvar em outro dispositivo aqueles que não podem ser perdidos.



Por Ana Carvalho e Larissa Becko

quinta-feira, 23 de abril de 2009

“É a partir de um imaginário vivido em comum que se inauguram as histórias humanas.”

O homem não pode existir isolado. Ele está ligado, pela cultura, pela comunicação, pelo lazer ou pela moda, a uma comunidade. Até mesmo o que aprece ser uma opinião individual é, na verdade, de tal ou tal grupo ao qual pertencemos. Assume-se, assim, uma consciência coletiva: assistindo ao telejornal, por exemplo, nos horrorizamos sobre os mesmos assuntos e vibramos juntos pelos mesmos outros, ao mesmo tempo que pertencemos, na massa, a grupos diferentes. Em "O Tempo das Tribos", Michel Maffesoli ressalva que todos os prazeres populares que vivemos, são prazeres de multidão ou em grupos – festas populares, festivais, shows, carnaval, torcidas futebol. Essas situações seguem a lógica do tocar, a questão do “estar-junto”, o táctil da existência social. O estar-junto consiste na “espontaneidade vital que segura a uma cultura” e, ainda segundo Maffesoli, afirma sua força e solidez. Há quem diga que essa espontaneidade pode se artificializar, se civilizar. Sempre será necessário, contudo, retornar à forma pura que é o estar-junto à toa: “Será menos o objetivo que se deseja atingir do que o próprio fato de estar junto que prevalecerá.” A partir da existência dessa sensação coletiva, se desenvolve uma lógica da rede.

Será contraditório constituir novas agregações, novos grupos primários, microgrupos, e ao mesmo tempo revivificar uma só sociedade? Esse é o conceito de Thiases, proposto por Maffesoli ao falar de um modelo tribal “religioso”. Na verdade essa contradição parece ter sido a “grande sacada” do cristianismo ao se originar, justamente, em pequenos grupos: “Nada como as seitas pouco numerosas para conseguir fundar qualquer coisa”. A Proximidade de seus membros cria laços profundos (sinergia das convicções/ eficácia simbólica). O autor ainda faz uma distinção entre tipo-igreja e tipo-seita. Cabe ressaltar que a seita é, antes de tudo, uma comunidade local que se vê assim, e que não tem necessidade de uma organização institucional visível. Michel acredita que, seguindo essa mesma lógica, os grupos que constituem as massas contemporâneas não têm ideal, já que não têm visão daquilo que, em termos absolutos, deve ser uma sociedade.

Assim, cada grupo é, pra si mesmo, seu próprio absoluto. A valorização do grupo, contudo, é uma desconstrução do individualismo, garantindo a tonicidade daquela sociedade. Daí vem a sua perspectiva “concêntrica” – os diferentes círculos que a compõem se ajustam uns aos outros, e não valem senão enquanto ligados. Ou seja, o que importa são suas relações. Com a modernidade, essas relações são multiplicadas cada vez mais - a lógica das redes está se impondo nas massas contemporâneas.

Mas o que mantém um grupo unido? Algo que os membros partilham apenas entre si. Como um segredo, estritamente compartilhado. Essa é a lei do segredo: “dos assuntos de família, não se fala”. Estaríamos agora entrando em outra contradição? O segredo, o ‘esconder’, é vetor de agregação assim como a aparência, o ‘mostrar’? É esse paradoxo que justifica a importância da teatralidade: “uma ostentação manifesta pode ser o meio mais seguro de não ser descoberto.” A agressividade de alguns looks ilustra a vida secreta e densa que essas pessoas vivem. É a forma de “mostrar” o quanto eles têm de segredos. São misteriosos, diferentes para os outros, mas, entre si, podem partilhar qualquer coisa. É assim que o grupo é fortalecido, levando à autoconservação (“egoísmo de grupo”). Ou seja: partilhar um hábito, uma ideologia, um ideal, determina o estar-junto, e permite que este seja uma proteção contra a imposição (colletive privacy). Michel fala até de um “efeito equalizador da pratica coletiva do proibido”, já que a confiança se estabelece entre os membros do grupo. Criar um novo segredo, romper com o que é comumente admitido é acentuar a agregação social.

Podemos ver a pura criação de modos de viver, sendo a constituição em rede de microgrupos contemporâneos a “expressão mais acabada da criatividade das massas.” Novamente, a lógica tribal não pode existir senão inserida na massa. “Modos de vida estranhos uns aos outros podem engendrar, em pontilhado, uma forma de viver em comum.”


Surgem algumas questões....




  • O indivíduo compartilha da identidade, das opiniões, dos hábitos de um determinado grupo ao qual pertence. Ou seja, segue um determinado perfil. Será que a valorização do inédito, do diferente, da originalidade e da personalidade vem ‘”suprir” essa “falta” de identidade individual? Ou será que o indivíduo não tem essa necessidade?



  • Segundo Michel, tribos são formadas por simpatias quanto a ideologias, costumes, gostos, etc. E quanto à apatia? A diversidade de grupos dá margem ao preconceito. Não seria essa uma interferência negativa na harmonia do todo, contradizendo o autor quanto à “tonicidade” da sociedade a partir dos grupos?



  • Em um grupo, entre os “segredos” partilhados, pode existir valores diferentes de “moral”, por exemplo: “sempre existe uma certa moral dentro da imoralidade.. uma certa moral que o clã forjou somente para si mesmo” e que tem por corolário a indiferença diante da moralidade em geral. Isso também poderia contradizer a idéia de que a formação de grupos dá maior tonicidade à sociedade e assinalar para uma fragilidade social?


  • É sabido que comunidades como favelas, por exemplo, têm suas próprias leis, normas de conduta, etc. De que forma os “segredos” compartilhados acabam interferindo numa ordem maior, como a legislação de um país? Estariam esses grupos fora da análise do autor, na medida em que seus membros não estão lá por escolha (socialidade eletiva)?



  • Como pensaríamos a interferência na sociedade de tribos que fogem à escolha de seus membros?

Nathália dos Santos Silva e Vanessa Gonçalves

O Tempo das Tribos – Tribalismo e Neotribalismo

O que acompanhamos na aula passada foi a ilustração do capítulo IV do livro O Tempo das Tribos, de autoria do sociólogo francês Michel Maffesoli. Como sugerido pelo autor, compreendemos o advento das tribos – um fenômeno muito comum no mundo moderno. Essencialmente, o que propõe-se é o fim do individualismo através de associações contratuais e racionais estabelecidas pelos próprios indivíduos a fim de que seja realizada a transição do estado de “polis” ao “thíase”, acentuando cada vez mais a dimensão afetiva e sensível. Essa relação estabelecida, esse elo de ligação é o princípio de novos costumes que surgem em uma sociedade, criando, assim, uma nova identidade.

Dentro da sociedade de massa, nos cruzamos o tempo todo, interagindo, estabelecendo contato e nos preocupando com o presente coletivo, de modo que invariavelmente acabamos operando em grupos. Tais movimentos podem ser evidenciados no ambiente comunicacional contemporâneo da pós-modernidade, onde os locais são desterritorializados, possibilitando o avanço do solidarismo, das ações e das retroações (elementos básicos de uma tribo sólida).

Desse vaivém de informações entre a massa e as tribos é que surge a fluidez do neotribalismo, que, ao contrário da estabilidade do tribalismo clássico, permite que o indivíduo represente diversos papéis sociais, tanto na sua atividade profissional, quanto no âmbito das tribos que participa. Isso ilustra perfeitamente o desejo de mobilidade social que as pessoas têm hoje em dia, e até mesmo a necessidade de um profissional estar apto a atuar em várias áreas – a interdisciplinaridade.

As grandes cidades contemporâneas, caracterizadas pela heterogeneização e também pelo pluriculturalismo foram um dos fatores que contribuíram para a formação dessas “tribos urbanas” – expressão cunhada pelo próprio Maffesoli – que são constituídas por diversos pequenos grupos que estabelecem uma rede de amigos com interesses em comum. Esses interesses podem se basear na opção religiosa, em tipos de vestimenta, de músicas, de atividades, de costumes, entre outros.

Cada um desses microgrupos que se forma, irá dividir um espaço – não necessariamente físico, mas também virtual, como, por exemplo, as comunidades do Orkut. Além disso, se formarão a partir de um sentimento de pertença comum, terão um código de ética específico e poderão criar laços estreitos. Os grupos de patricinhas, os hippies, os evangélicos, os emos, entre outros, são exemplos atuais das variadas tribos que surgiram a partir da reunião de membros sociais com interesses em comum, dispostos a interagir e determinar a vida social que mais lhes agrada.

Com o surgimento da internet, esses grupos puderam se fortalecer de uma forma absurda, tendo em vista que é muito mais fácil encontrar pessoas com interesses em comum conectadas à rede. Além disso, mesmo que se formem na internet, é bem provável que ultrapassem esse limite virtual e se encontrem pessoalmente. Hoje, com as ferramentas que temos para encontrar na web o que desejamos, esses grupos podem se formar com ainda mais facilidade e rapidez. Maffesoli chama isso de “desinstitucionalização“, que é quando os grandes sistemas e as demais macroestruturas estão saturados.

Agora, mais do que nunca, percebemos o real valor que a sinergia das forças que agem na sociedade podem agregar ao avanço tecnológico. Redescobrimos que o indivíduo não pode existir isolado. Pelo contrário, deve estar sempre conectado aos demais por meio de culturas, costumes e até mesmo pela comunicação, estabelecendo um “laço de reciprocidade” tão forte quanto a capacidade de, junto aos demais pertencentes à tribo, evoluir.

Cristina Shutz e Henrique Casagranda

terça-feira, 21 de abril de 2009

O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades pós-modernas

Mesmo diante de tanta desumanização que cerca o mundo atualmente, ainda há teias de solidariedade. Cada vez mais fechadas, mais restritas a seus grupos, mas elas existem. Até mesmo porque, conforme as épocas, predomina-se um tipo de sensibilidade, um tipo de estilo destinado a especificar as relações que se estabelecem entre as pessoas. É essa questão que o autor de “O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades pós-modernas”, Michel Maffesoli, tenta nos mostrar no capítulo IV: O tribalismo.
O autor fala da passagem da “polis ao thiase” ou da passagem da ordem política à ordem da fusão. A ordem política privilegia os indivíduos e suas associações contratuais e racionais, que tem uma consistência própria, uma finalidade, já a ordem de fusão acentua a dimensão afetiva e sensível das associações. Essa ligação entre as massas não precisa ser através de um contato constante ou freqüente, ela vai se dando através de pequenas afinidades, de elementos em comum entre pessoas que vão cristalizando grupos massificados, o que Maffesoli chama de relação táctil.
As mensagens de computador, as redes sexuais, as diversas solidariedades, os encontros esportivos e musicais são todos indícios de um ethos em formação. E isso que delimita esse novo espírito do tempo que podemos chamar de socialidade, onde a pessoa representa papéis, tanto dentro de sua atividade profissional quanto no seio das diversas tribos de que participa. Mudando o seu figurino, ela vai, de acordo com seus gostos – sexuais, culturais, religiosos - assumir o seu lugar. O que podemos observar é que a partir dos costumes, dos desejos individuais que as pessoas vão escolhendo a que grupo irão pertencer.
O solidarismo, os encontros esportivos ou as religiões são momentos em que as pessoas começam suas relações tribais. A preocupação em estar de acordo com o grupo, de ser o mais plenamente aceito possível, faz através da massificação os reagrupamentos sociais, ou seja, está diminuindo a individualização social. Watzlawick falava do “desejo ardente e inabalável de estar de acordo com o grupo”. Essa massificação causa um certo conformismo diante do que o grupo entende por certo, e o que deveria ser uma opinião individual acaba sendo uma opinião coletiva. O autor se refere a isso como a nebulosa “afetual”, que permite compreender a forma específica que a socialidade assume nos dias atuais: o vaivém massas-tribos. Ao contrário da estabilidade induzida pelo tribalismo clássico, o neotribalismo é caracterizado pela fluidez, pela liberdade de poder trocar de grupos conforme as vontades próprias.
Essa anulação diante do grupo é muito bem ilustrada pelo autor no trecho “a teatralidade instaura e reafirma a comunidade. O culto do corpo, os jogos de aparência só valem porque se inscrevem em uma cena ampla, onde cada um é, ao mesmo tempo, ator e espectador”.
A sociedade vive e se organiza através das experiências vividas em seus grupos, que se entrecruzam e proporcionam outras experiências e situações, o que ao mesmo tempo que massifica, diferencia através de polaridades muito diversificadas.
A pós-modernidade tende a favorecer, nas megalópoles contemporâneas, ao mesmo tempo o recolhimento no próprio grupo e um aprofundamento das relações no interior desses grupos, dando a oportunidade de surgir uma multiplicidade de estilos, um multiculturalismo, onde de maneira conflitual e harmoniosa ao mesmo tempo esses estilos de vida se põem e se opõem uns aos outros. Mas existe algo de comum entre esses grupos, uma característica específica da pós-modernidade: a preocupação com o aqui e o agora, isso contribui para que as relações sejam mais intensas e vividas no presente.
Outra característica da massa moderna é o que o autor coloca como a lei do segredo. Esse é um mecanismo utilizado pelos grupos como forma de proteção em face ao exterior, isto é, em face das formas superimpostas de poder, essa é uma maneira encontrada para fortalecer o grupo. Essa sociedade secreta leva a um fechamento dos grupos, todavia, permite a sua resistência. O fato de partilhar um hábito, uma ideologia, um ideal, determina o estar-junto, e permite que este seja uma proteção contra a imposição. A união dentro dos microgrupos existe, senão, para fortalecê-los contra o grande grupo.
O tribalismo, microgrupos formadores da socialidade, sob seus aspectos mais ou menos reluzentes, está impregnando cada vez mais os modos de vida, ou seja, através de bandos, gangs, grupos ele recorda a importância do afeto na vida social. Trata-se de uma “reconsideração do conjunto das regras de solidariedades”.

Fernanda Assmann e Talita Orsolin

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Certamente a principal característica de nossa sociedade é o espetáculo, mostrar-se é algo essencial. Podemos criticar, fazer o maior barulho, mas nada adianta, temos que acabar aceitando e nós moldando a partir desse novo modelo de sociedade a qual é formada por contribuições de todos nós.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Foucalt e Weber e a Pós-Modernidade

Não sabemos se estamos fazendo certo ou não nossa postagem, mas resolvemos modificar um pouco. Colocamos nesta contribuição, não uma resenha do conteúdo da aula, mas sim algumas questões que nos ficaram e que gostaríamos de compartilhar.

Para a aula do dia (03/04) foi trazido pelo professor dois autores, Foucalt e Weber, e em cima da discussão dos mesmos montamos nossas questões, as quais gostaríamos de discutir mais a fundo com nossos colegas.

Foucalt trás, por meio de seu livro microfísica do poder, as relações de poder que, por exemplo a escola, a igreja, o estado exercem sobre a sociedade moderna. Weber discute sobre a burocratização da vida na sociedade moderna; a vida foi racionalizada, as regras passaram a ser a base de tudo, nada mais é realizado por emoção, é somente a razão que vale e ela é capaz de prever e calcular o que antes era determinado pela sorte, segundo o autor. Ambos, os autores, fazem suas análise tendo como pano de fundo a sociedade moderna, mas será que elas também não se aplicam na sociedade pós-moderna ou contemporânea?

Vejamos alguns exemplos para que possamos discutir mais a fundo a questão apresentada acima. Hoje não existe pessoa no mundo que viva sem tecnologia; seja aquela que vem atráves dos cabos de energia para dentro dos lares, ou aquela que está no último computador lançado no mercado. Esta necessidade por tecnologia, faz com que o setor tecnológico exerça poder sobre a vida das pessoas. Também há o fato de que tudo pode ser explicado e racionalizado por meios tecnológicos, o que torna tudo passível de racionalização.

Então fica em aberto para discussão da turma a nossa questão: será que houve uma mudança na sociedade que fizesse com que as discussões de Foucalt e Weber não possam ser mais aplicáveis à sociedade pós-moderna? Ou eles anteveram o que está acontecendo nos dias atuais?

Ana Carolina Barros e Carina Dalsoto

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Homem Pós Moderno

Ao se falar em sociedade pós-moderna, pode-se pensar nas modificações que se deram nos âmbitos da política, economia, ciência, tecnologia, conhecimento e comunicação. Poderíamos dar exemplos e mais exemplos dessas transformações, mas o nosso foco principal é na comunicação, quais mudanças ocorreram para que o tipo de comunicação que temos hoje fosse possível, e como foi possível que o homem se adaptasse à essas mudanças.

A sociedade se transforma a partir das necessidades e costumes que vão se modifciando ao longo das décadas, tradições são deixadas de lado, crenças são desacreditadas, e assim o homem passa a se sentir sem rumo, os valores passam a ser outros, e o que se vê é uma sociedade individualista, consumista e hedonista. Quando uma empresa não se importa em seguir normas ambientais no país onde está se instalando está sendo individualista, está pensando apenas nos lucros que terá, pensando apenas no que pode extrair daquela terra e daquelas pessoas. Essa mesma sociedade é individualista no momento em que um homem passa a se considerar melhor ou superior aos outros, e achar que ele não deve colaborar para o bom funcionamento dessa sociedade com ações simples, como separar o seu lixo em casa ou ser educado com o cobrador do ônibus.

É o que se vê no Orkut, por exemplo, onde para alguns o objetivo maior não é estreitar laços de amizade e nem conhecer novas pessoas, mas sim mostrar-se feliz e sempre curtindo a vida "adoidado", o importante mesmo é exibir-se. As pessoas se sentem no dever de se vender como se fosse um prazer, de fazer ceia de natal em casa à meia noite, de comemorar o gol que todo mundo está comemorando, de curtir o carnaval nos 3 ou 4 dias, de seguir uma religião, de usar celular sem motivo concreto, de gastar o dinheiro que não têm, de fazer cursos e mais cursos, ascender na empresa, escrever mil e um artigos por ano na universidade, enfim, todos parecem viver na “obrigação” de se cumprir uma ordem invisível, e de ser visivelmente feliz e vencedor. Mas o que acontece àquelas que não seguem essas regras invisíveis? Ou acabam excluídas da sociedade, como um traidor, ou então se sentirá culpado por não "ser feliz" como todos os outros, o que pode ser muito perigoso.

Outra característica desse homem do pós-modernismo é o consumismo sem limites que atinge a sociedade como um todo, onde se busca em objetos materiais a felicidade que não se encontra nas relações frustradas pós-modernas, quando apesar de tantos artefatos eletrônicos que facilitariam a comunicação entre as pessoas, essa não acontece pela frequente falta de tempo que atinge todas as pessoas de um modo geral. Elas estão sempre correndo atrás do tempo, buscando mais trabalho, mais dinheiro, e assim, mais consumo, o que lhe dá a falsa sensação de felicidade.

A fragmentação desse tempo é bem visível, pois hoje se vê frequentemente os lugares de trabalho em que a competição é mais acirrada, onde não existem limites definidos entre trabalho, estudo e lazer, e encontramos pessoas queixosas, infelizes, freqüentemente visitando os médicos e hospitais. Se a pós-modernidade prometia a felicidade através do progresso da ciência ou de uma revolução, é necessário analisar se essa ilusão de felicidade que temos hoje, baseada na tecnologia e nas sociedades virtuais é realmente possível, ou apenas um sonho que virou pesadelo.

Marcela Prestes e Juliana Galante

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Fenômeno Tecnológico Através da História

Através do texto de André Lemos, “O Fenômeno Tecnológico Através da História”, temos um resgate sobre as mudanças que a técnica sofreu ao longo do tempo, tanto em suas aplicações como em suas definições. Vemos a evolução dos sistemas técnicos através de inovações e invenções de ferramentas, máquinas e instrumentos.

Divido em sete tópicos, os quais se referem aos períodos da humanidade, o texto inicia com as origens pré-históricas dos sistemas técnicos. O autor afirma que a origem do homem coincide com a origem da técnica. Os primeiros sistemas instauraram-se a partir de dois motivos: a potência dos Deuses e a imitação da natureza, ou seja, neste momento, a técnica é vista como atividade de origem divina e é tida como arte. Como cita o autor, proposto por Simondon, a técnica separa-se da religião, mas não perde o seu caráter sagrado. Assim, o sagrado e o profano se estabelecem. O sagrado como sendo uma qualidade do mundo (fundo) e o profano como o mundo concreto, onde o homem pode agir através de seus instrumentos. A técnica, na pré-história é associada ao profano, mas também à potência divina, portanto, temos um paradoxo sagrado/profano que envolve a técnica, o qual podemos ver até os dias de hoje. Ainda citando Simondon, André Lemos afirma que o modelo da técnica desta época é o da fase mágica, que caracteriza a técnica como de sacralização. A vida social era fechada numa rede de técnicas mágicas, e não existia um universo técnico independente da vida social. O objeto técnico será, portanto, depositário de um medo e de uma fascinação que perseguem a sociedade até os dias de hoje. A técnica sagrada pode ser traduzida como o desejo do homem primitivo em obter respostas de fundo.

Mas é a partir da revolução do Neolítico que surgiram as primeiras civilizações e o primeiro sistema técnico desenvolvido, pois é com as primeiras civilizações que surgem sociedades estruturadas a partir de um poder hierárquico, surge a escrita, o desenvolvimento dos transportes, da metalurgia e da arte da guerra. Essa conjuntura vai formar o primeiro sistema técnico coerente da humanidade. Contudo, o autor afirma que o Egito conheceu um verdadeiro sistema técnico sem, necessariamente, ser inovador. Historiadores observam que por ser uma civilização fechada e muito bem estruturada, os egípcios tinham suas inovações tecnológicas inibidas. Outra civilização citada é a grega, sobre a qual é dito que, no seu sistema técnico, o progresso não é global, não há grandes inovações em relação à civilização egípcia e técnicas novas e artesanais estão lado a lado. A evolução de uma para outra é imperceptível. Segundo o historiador Gille, oo bloqueio grego se dá por três razões: ao associar pela primeira vez técnica à ciência, os limites da ciência grega poderiam limitar o nível do desenvolvimento técnico; dispondo de escravos, os desenvolvimentos técnicos não seriam fundamentais; o desprezo pela filosofia de Platão e Aristóteles em relação à tekhné pode, também, ter limite o progresso. Mas, é na civilização helênica que nasce a preocupação em achar explicações racionais em relação à ciência e à técnica. Em função deste momento, a técnica começa a ser dessacralizada, ou seja, é desligada totalmente da religião. A técnica passa de um estado de mera intuição a um novo estado de investigação, sendo investida pelo discurso filosófico, assim uma ciência grega nasce com o desenvolvimento da matemática, da geometria e da aritmética. Através dos sofistas surgem os manuais-receitas, os quais são normas práticas sobre a moral, a política, a economia e a religião. No império Romano, os agricultores vão, com a conquista de novos territórios, conhecer novas técnicas e adquirir conhecimentos dos povos dominados. Assim, os romanos assimilam novas técnicas e as expandem por todo o império, sem Sr necessariamente inovadores. A grande invenção dos romanos situa-se no campo da energia e da administração, incluindo o direito, a arquitetura e a urbanização. Desenvolveu-se, também, o transporte naval, máquinas hidráulicas e ferramentas de guerra.

A Idade Média, mesmo sendo conhecida como a época das trevas, foi também um período de intensa atividade técnica. Ao instalar-se o feudalismo, as Cruzadas abrem as portas do Oriente e o comércio de técnicas se estabelece. A técnica é, nesse período, elemento de reflexão, onde a ciência começa a sentir a necessidade da técnica e vice-versa. O empirismo passa a ter seu lugar no desenvolvimento de uma tecnologia ou, ao menos, aparece como uma preocupação quanto à reflexão ordenada e sistemática da técnica. Neste período as grandes inovações estão também na energia, porém, são as energias eólicas e hidráulicas que se destacam, com o estabelecimento do moinho a vento. O aperfeiçoamento na utilização do metal permite o começo de uma atividade industrial, passando a indústria têxtil por algum melhoramento já no século seguinte. Todos os elementos que preparam a modernidade estão colocados: um sistema técnico baseado no empirismo e na quantificação matemática, a divisão do tempo (com a invenção do relógio), o espírito conquistador da natureza, onde a técnica torna-se laica e secularizada. “a técnica não remete mais à natureza (...) mas ao próprio ser humano. A técnica tende a se antropomorfizar ou, mais exatamente, a se antropocentrar.”.

O Renascimento é tido como a era do maquinismo, já que nele surge o sistema biela-manivela, que vai proporcionar uma revolução maquínica cujo desempenho estava limitada ao uso da madeira. Com o maquinismo, este período será um grande demandador de energia, fazendo do século XV o terreno de uma primeira revolução formada pela tríade bússola, pólvora e imprensa. Aqui, radicaliza-se o fascínio pela descoberta científica, há um giro epistemológico que prepara o imaginário social para a modernidade. A razão passa a ser o centro do universo inteligível e, a técnica, busca a o meio legítimo e ideal para conquistar e “dominar a natureza”. No Renascimento, a substituição de uma estrutura onto-teológica (explicações de ordem divina) por uma estrutura onto-antropológica (razão científica) está em jogo, atingindo seu auge com a Revolução Industrial.

Podemos chamar a Revolução Industrial de uma mudança na gestão social do mundo. Em meados do séc. XVIII surge esse fonômeno que trás a invenção da máquina a vapor, transforma o setor têxtil e passa a usar o ferro e o carvão com mais frequência. Este período ficou marcado maioritariamente por suas inovações, já que muitas técnicas existentes foram sendo aprimoradas.

É nesta época que se pensa a técnica junto da economia politica e da vida social, como se verifica nas idéias Marxistas sobre o industrialismo e trabalho. O mito da modernidade reafirma essa posição, pois observa-se pela primeira vez a questão da técnica relacionada com a cultura e a história.

Seguindo esta linha e avançando no tempo, na segunda metade do séc. XIX surge um novo sistema técnico com base na eletricidade, no petróleo, no motor a explosão e nas indústrias de síntese química. O crescimento demográfico, a organização industrial e bancária, a produção de energia em larga escala e o desenvolvimento das redes de transporte são fatores que acompanharam todo este desenvolvimento. Megamáquina é o conceito proposto para representar a organização que vai se instaurando com os novos avanços tecnológicos. A ciência e a técnica passam a ter valores como a objetividade, racionalidade instrumental, universalismo e neutralidade.

Crenças, lendas urbanas, mitos e simbolismos passam a fazer parte da tradição e a tecnologia moderna, torna-se o instrumento que permite transformar e regenar o mundo.

Com a afirmação plena das novas tecnologias surge o mito da transparência, onde a comunicação se torna instantânea mesmo separada por oceanos.

Em suma, a partir do momento em que a mente e o corpo são separados, a natureza é dessacralizada e o Homem substitui Deus no centro do mundo, grandes mudanças iniciam-se. A razão passa a ser independente e é a norma que dirige o progresso. Esta fase é uma preparação para o futuro, misturada de sonhos e convicções baseadas nas novas técnicas científicas, e na crescente urbanização.

A fase de pós-modernidade, substitui o sonho por uma onda de poluição, desigualdades socio-econômicas e políticas, violência, etc.

As distâncias, muitas vezes inter-continentais não são mais uma barreira à comunicação, que passa a ser em tempo real. Surge um mundo virtual onde muitas vezes possuímos uma espécie de controlo sobre o espaço e o tempo. Chegamos ao pós-modernismo. A fase da ubiquidade, fase da cibercultura.

Nathália Kern e Farha Abdula